Já chegamos ao nosso destino (a escola) mas ficamos sentados para ouvir a benjamim a cantar uma das suas músicas favoritas do momento (ela tem muitas, passa o dia a cantar e a dançar).
"I’m crazy botchu laakit
Rrouca, rrouca, rrouca
You laak tatit aint izy
Rrouca, rrouca, rrouca."
Os irmãos já tentaram explicar-lhe que é louca e não rouca, mas ela teima que a Shakira diz rouca (“o rapaz diz louca, mas a Shakira diz rrouca, não é Mãe?).
Termina a música. Todos tiram o cinto. A pirralha salta para o banco da frente e senta-se ao meu colo. Deixa os manos sair do carro.
“Sexo é asneira Mãe?”
Faço um esforço para impedir que o iogurte liquido que tenho na boca saia projectado para o interior do pára-brisa (a minha filha tem 4 anos).
“Não, quer dizer… não é uma asneira… É uma palavra que os adultos utilizam, mas não é uma palavra para se andar aí sempre a dizer.”
“Pois, foi o que eu dixe aos manos…”
Salta para o passeio.
“Mas porque é que perguntas isso?” pergunto tentando disfarçar o meu desconforto.
“Por nada…”
Agarra na mochila e fica à espera que eu fecho o carro para acompanhá-la até ao portão.
“Não, diz-me lá…” (tenho que saber mais...) “Onde é que aprendeste esta palavra?”
“Oh Mãe…” revira os olhos e levanta as mãos.
“Mas diz-me lá, tu sabes o que é sexo?” tenho medo da resposta…
“Claro que xei! Toda a gente na minha sala xabe!” (o JI já não é o que era…) “e todos fazemos!”
Sustento a respiração e páro. Como estamos de mãos dadas ela é obrigada a parar e vira-se a olhar para mim.
“Como assim, todos fazem sexo? O que é que é sexo?”
“Oh Mãe, tu sabes, é quando a Shakira dança assim” põe as mãos nas ancas e abana as ancas para a frente e para trás.
Ufa…
Don't worry that children never listen to you; worry that they are always watching you.
Robert Fulghum
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