Thursday 18 November 2010

Eu gosto é do verão

Tenho saudades do verão.

Do calor e da praia. Das saídas em família sem casacos e sem chapéus-de-chuva. De levantar-me cedo para acordar os miúdos enquanto o meu marido prepara o piquenique.

Tenho saudades de aturar as birras no caminho até à praia – porque vai dar os bakugan’s no Panda, porque é a minha vez de ir no meio, porque queria ir para a piscina, porque o pai não me deixa levar a casinha e as bonecas da Hello Kitty para a praia.

Tenho saudades de procurar um lugar de estacionamento que fique a menos de 5 km de distância da praia. De desistir e descarregar o carro de toda a juventude e parafernália que nos acompanham nestas saídas e de ficar à espera que o meu marido vá estacionar o carro.

Tenho saudades de caminhar até à praia, com os mais pequenos, carregados das mochilas com brinquedos, bolas, raquetes, etc., ao colo – porque entra areia para os sapatos, porque não gosto andar descalço na areia, porque é longe e estou cansado – atrás do meu marido, carregado que nem uma mula com um saco com as toalhas, um saco com a comida, o chapéu de sol, a tenda dos mais pequenos, o colchão insuflável, etc., seguidos por adolescentes e pré-adolescentes que se arrastam a resmungar – porque eu nem sequer queria vir, porque eu queria ter trazido as outras duas pranchas, porque sou sempre eu a carregar as barbatanas dos outros, porque os meus amigos vão todos é para outra praia, porque gosto mais da piscina em casa da tia.

Tenho saudades de ouvir o meu marido a dizer-me que não quer pôr protector (factor 50) – porque quando era miúdo passava o dia na praia e ficava preto logo no início do verão – e observar a evolução da cor da sua pele ao longo do dia começando num rosa saudável e terminando num carmim saudável em todas as zonas salientes do seu corpo, com particular incidência no seu nariz que se transforma no nariz de Rodolfo a rena do Pai Natal e ilumina o nosso caminho de regresso a casa.

Tenho saudades de repetir esta discussão com os mais velhos – porque já não sou nenhum bebé para ter que pôr protector, porque os meus amigos nunca põem – até ter a certeza que todos os nossos “vizinhos” estão inteirados dos meus argumentos.

Tenho saudades de, antes de ter terminado a montagem do acampamento de ciganos, ouvir vozes de anões a repetir vezes sem conta: Vamos à água? Vamos à água? Vamos à água?

Tenho saudades de regressar dos mergulhos e de ouvir: Vamos jogar à bola? Vamos jogar à bola? Vamos jogar à bola?

Tenho saudades de, nos dias em que a temperatura da água não nos permite ir a banhos, os meus filhos inventarem jogos como: Vamos rebolar na areia até sermos croquetes assim o Pai vai demorar horas a dar-nos banho para retirar toda a areia enfiada nos sítios mais estranhos, ou, vou deitar-me na prancha de bodyboard e tu puxas-me a correr para a frente e para trás.

Tenho saudades de sacudir o pão que caiu na areia e, depois de soprar, dizer: pronto, já está limpo, podes comer.

Tenho saudades de fazermos o caminho para casa a cantar músicas aos berros para evitar que adormeçam no carro e a falhar todos os dias. De chegar a casa e de ter que descarregar, para além do saco das toalhas, do saco da comida, do chapéu-de-sol, da tenda, das pranchas, das mochilas com brinquedos, etc., os miúdos que não acordam nem quando o meu marido pára o carro, bate palmas e grita: Chegámos!

Tenho saudades de dar-lhes banho enquanto os mais pequenos choram – porque… não sabem porquê – e os mais velhos se atrasam e resmungam – porque já tomei banho ontem, porque agora tenho que lavar o cabelo todos os dias, porque se tivéssemos ido para a piscina não estaríamos cheios de areia, porque agora está a dar o resumo de futebol ou a Miley Cirus na televisão.

Tenho saudades de terminarmos o dia depois dos banhos, do jantar e do deitar, exaustos no sofá, prontos a adormecer sem jantar só para tentarmos preparar-nos para o programa do dia seguinte.

É uma pena estarmos em Novembro e ainda faltar pelo menos 7 meses até ser verão e podermos descansar (?!) da rotina do dia-a-dia.

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