Wednesday, 3 February 2010

Keep it simple...

Morro de saudades dos meus filhos quando vou trabalhar.
Sinto-me uma mãe desnaturada por abandoná-los.
Passo o tempo a martirizar-me com pensamentos sobre como seria a minha vida se ganhássemos o Euromilhões. Como poderia ficar em casa a fazer bolos e trabalhos manuais com eles. Como os poderia ajudar a estudar e a fazer os trabalhos de casa.


Sei que se estivesse mais tempo em casa conseguiria transformá-los em génios. Crianças sobredotadas como aquele rapaz que entrou para a faculdade de medicina aos 16 anos. Se tivesse mais tempo livre eles seriam poliglotas antes de entrar para o ensino obrigatório. Se não tivesse que trabalhar poderia levá-los a todas as exposições e espectáculos...


Passo por isso o tempo planear os nossos tempos livres.
Procuro os programas mais interessantes e divertidos. Leio os jornais, pesquiso na net. Faço listas. Marco os eventos na agenda. Faço contas às entradas que têm que ser multiplicadas por seis. Tento não me deixar levar pelo sentimento de culpa que surge quando decido que não posso pagar 100€ para irmos todos ao Festival Panda. Procuro alternativas.


Chega finalmente o fim-de-semana. Tenho tudo planeado...


Levanto-me cedo no sábado de manhã. Temos um fim-de-semana cheio. Não há tempo a perder...
Subo para o quarto deles. Gosto deste cheiro quente de sono. Gosto de vê-los a acordar ao som da música favorita do momento, a espreguiçarem-se, esfregando os olhos. Gosto daqueles primeiros mimos e abraços silenciosos com o coração ainda a dormir.


“Vamos Píris!! Está na hora de acordar! Hoje temos muito para fazer!”


“Porquê, Mãe, onde é que vamos?”


“É uma surpresa... Hoje vamos para um sítio que gostam muito!! Se pudessem escolher, o que é que gostariam de fazer?”


Sem hesitações:
“Mãe, podemos ir passear os cães?!”


“Sim! Sim, Mãe! E podemos levar uma bola para fazer um jogo de futebol? "


"Queres ser da minha equipa Mãe, queres?”


“I am beginning to learn that it is the sweet, simple things of life which are the real ones after all.”
Laura Ingalls Wilder

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